A jornalista Wanda Chase, um dos principais nomes do jornalismo da Bahia, morreu na madrugada desta quinta-feira (3) em Salvador, aos 74 anos. Nascida no Amazonas, tinha título de cidadã soteropolitana, e se tornou referência como apresentadora, militante do movimento negro e defensora da cultura do estado. Informações obtidas apontam que ela teria morrido após uma cirurgia no Hospital Teresa de Lisieux, em Salvador.
Ela receberia o título de cidadã do estado logo após o Carnaval, mas compartilhou que tinha sido acometida por uma virose durante a festa, e que uma nova data seria agendada para a honraria.
Neta de caribenhos e com mais de 47 anos de experiência em comunicação e mais de 45 prêmios recebidos, Wanda ganhou destaque no estado como apresentadora da TV Bahia.
Iniciou sua carreira jornalística no Jornal A Crítica, em Manaus, foi estagiária na TV Amazonas e trabalhou em Recife e Campina Grande. Já na década de 80, Wanda visitava a Bahia para participar das passeatas pela libertação de Nelson Mandela, assim como da Noite da Beleza Negra e da Noite da Mãe Preta, através do Movimento Negro Unificado.
A jornalista, que já tinha sido reconhecida pela Câmara Municipal de Salvador com o título de cidadã soteropolitana, era exaltada pelo espaço dado a cultura do povo negro. “Sua atuação profissional e pessoal, marcada pela ininterrupta luta pelo reconhecimento de direitos, principalmente da população negra, justifica a concessão do merecido título de cidadã baiana a Wanda Chase”.
Wanda chegou a anunciar que a cerimônia para a entrega do diploma de cidadã baiana precisou ser adiado devido a uma virose do Carnaval. A última postagem da jornalista foi feita no dia 11 de março.
“Queridos, tudo bem com vocês? Eu estou acometida com a virose do Carnaval! Mas, fiquem tranquilos! Já estou me cuidando! Infelizmente não tenho condições de receber o título de cidadã baiana pela ALBA, proposta pela bancada do PT, liderada pela querida Deputada Estadual Fátima Nunes. Estando recuperada 100% informo para vocês uma nova data! Se cuidem! Estou me cuidando!”, escreveu na época.
A dedicação de Wanda Chase era tanta que a jornalista, mesmo após a aposentadoria, seguia trabalhando e “daria de presente” ao público um livro sobre a Axé Music, movimento que teve a proposta para a criação do Dia Nacional da Axé Music, aprovado na Câmara dos Deputados em fevereiro deste ano.
“Mesmo após sua aposentadoria, Wanda, continuou ativa, escrevendo sua coluna “Opraí Wanda Chase” no Portal IBahia e trabalhando em projetos como um podcast “Bastidores com Wanda Chase” e um livro sobre a axé music”, informou a família da jornalista.
Nascida no Estado do Amazonas, Wanda Chase é jornalista, apresentadora, militante do movimento negro e referência em temas relativos à cultura da Bahia, onde vive e constrói uma respeitosa trajetória profissional há décadas.
Durante a participação no Jornal da Manhã desta quinta-feira (3), o jornalista Osmar Marrom, que era um grande amigo de Wanda, chegou a pontuar um fato curioso sobre a jornalista, que a manauara era evangélica. Wanda frequentava a Igreja Batista na Garibaldi.
Em uma das colunas dela para o iBahia, a jornalista contou como acabou se envolvendo com a folia, já que pela religião, a festa não fazia parte da realidade dela.
Segundo Wanda, ao se formar em comunicação pela Universidade Federal do Amazonas e tentar um mestrado em Recife, ela percebeu que o foco dos veículos de comunicação era o Carnaval. A jornalista ainda tentou “fugir” da festa, mas ao tentar a vida como uma profissional da comunicação em Maceió, descobriu que as amigas que tinha feito em um evento estavam com viagem marcada para o Carnaval de Salvador.
A primeira grande lembrança da jornalista na folia baiana foi com o Bloco de Índios ‘Apaxes do Tororó’, e Wanda conta que a partir dessa experiência, passou a entender mais da cultura da Bahia.
“Quando me dei conta já estava junta e misturada com artistas e o povo em geral. O que me encanta no Carnaval da Bahia são os personagens, as células musicais. Os blocos afro e afoxés são de uma beleza!”, escreveu a jornalista.