O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) notificou 44 proprietários e ocupantes de terras do perímetro do quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. O documento foi divulgado nesta quarta-feira (23), no Diário Oficial da União, seis dias após a líder quilombola Mãe Bernadete ser morta no local.
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De acordo com o instituto, os notificados não são quilombolas. Dos 44, dois são proprietários de imóveis rurais e os outros 42 são posseiros sem matrícula da área ocupada, ou seja, pessoas que ocuparam as terras e passaram a viver e trabalhar nelas.
De acordo com o instituto, os editais de notificação podem ser publicados ao longo do processo de regularização dos territórios quilombolas. Eles são feitos quando o Incra considera ineficazes as tentativas de identificação e notificação de proprietários e ocupantes.
No edital divulgado no Diário oficial da União, os 44 notificados têm 90 dias para contestar o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) elaborado pelo Incra. As contestações deverão ser encaminhadas à sede baiana do instituto, em Salvador, que fica na Avenida Ulysses Guimarães, no bairro de Sussuarana.
Nas fases seguintes da regularização, os imóveis rurais serão desapropriados e, caso haja terras públicas, elas serão arrecadadas para o Incra. Ao longo desse processo, os proprietários dos imóveis rurais particulares serão indenizados.
Com a posse das 44 áreas ocupadas, o instituto vai titular coletivamente o território, que está em processo de titulação. Atualmente, o Pitanga dos Palmares está na “fase contestatória” do processo administrativo de regularização.
Com 854,2 hectares, o quilombo Pitanga dos Palmares é o lar de 289 famílias remanescentes de quilombo, conforme os registros da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombola (Conaq).
Em 2017, o local foi reconhecido no Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Apesar disso, o processo de titulação ainda não foi concluído.
Atualmente, o quilombo se destaca por duas atividades exercidas por mulheres. As artesãs fazem itens com a piaçava e bordadeiras que produzem peças em ponto de cruz.
Além disso, uma associação de mais de 120 agricultores é responsável por produzir e vender farinha para vatapá, frutas e verduras como abacaxi, banana da terra, inhame e maracujá.
Fonte: G1