Um levantamento divulgado pela Revista Exame indica os cientistas mais influentes do Brasil na formulação de políticas públicas. O estudo identificou os pesquisadores mais citados em documentos oficiais relacionados a tomadas de decisão entre 2019 e julho de 2025 — incluindo relatórios, pareceres técnicos e documentos estratégicos produzidos por governos, organizações internacionais e entidades da sociedade civil.
Dentre os 100 cientistas apontados pelo estudo, quatro são da Bahia. Um deles é o professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Daniel Piotto. Para o pesquisador, questões ambientais urgentes ajudam a explicar a relevância do seu trabalho.
Daniel Piotto destaca que as mudanças climáticas e a rápida degradação das florestas e dos recursos naturais constituem algumas das questões mais importantes para a humanidade na atualidade. “As pesquisas que tenho conduzido sobre soluções baseadas na natureza têm um enorme potencial para mitigar os problemas climáticos globais e promover o desenvolvimento econômico das populações locais. Acho que isso resultou na relevância nacional do trabalho que realizo aqui, na UFSB”.
Piotto aponta outros fatores como os desafios e estratégias envolvidos em produzir ciência de impacto a partir de uma universidade jovem e localizada no interior da Bahia. “Apesar de ser muito mais difícil alcançar uma relevância nacional a partir de uma nova universidade no interior da Bahia do que a partir das universidades nas capitais, a possibilidade de angariar fundos externos e estabelecer parcerias com outras instituições de pesquisa (Parque Científico e Tecnológico do Sul da Bahia, Ceplac, Universidade Estadual de Santa Cruz (Usc), Institutos Federais) e empresas foi fundamental para o avanço das minhas pesquisas.”
O ESTUDO
A metodologia envolveu a coleta e análise detalhada de citações presentes nesses materiais, buscando compreender quais pesquisas tiveram impacto direto e efetivo em decisões que afetam a sociedade. O foco esteve na incidência concreta do conhecimento científico na construção de políticas públicas.
Os resultados mostram que a maior influência vem das áreas ambientais e de saúde. A área de ecossistemas e uso da terra se destaca, reunindo 35% dos pesquisadores identificados, com temas como desmatamento, conservação e restauração ambiental aparecendo com mais força.
